12 de julho de 2015

Capítulo 5 - Monotonia

Às sete da noite lá estava eu no final da rua, olhando as casas do outro lado do rio. Previsível.


Dessa vez não estava tocando violino como sempre faço. Imprevisível.

Na verdade, só estou tentando fugir do que me assola nos últimos dias. A mesmice, o tédio, a monotonia... Tocar violino ainda me agrada, viver com pai Merlin também. Mas parece que não é mais suficiente. Sinto que falta uma coisa. Uma não, várias.


Não trazer o violino aquela noite foi uma tentativa muito idiota de fugir do tédio. Não deu certo, óbvio.

Voltei para casa desanimada, já imaginando o que será que iria encontrar.


Com certeza Merlin deveria estar cuidando do jardim, mesmo exausto. Talvez esteja pensando em como evitar que mais pessoas roubem suas maçãs ou cogumelos.


Fiquei até tarde fazendo a lição de casa... A escola é tão chata ás vezes. Parece uma perda de tempo estudar tantas coisas desinteressantes e que eu nem vou usar na vida. Preferia estudar música ou literatura fantástica. 


Vesti meu pijama para dormir e lembrei dos outros adolescentes da escola. As garotas são tão estranhas, mas de um jeito muito, muito irritante. 



Ficam assim cheias de poses e falando coisas fúteis como: "Amiga, o que você achou da minha roupa?" ou "Ai amiga, adorei seu cabelo!" e "Vejam como estou linda hoje!".

Argh! Quero distância delas! Pelo menos amanhã é sábado. 


Tentei dormir mas não consegui. Tomei um copo de leite para ver se ajudava, mas nada. A insonia me venceu.


Acabei passando a noite inteira vendo filmes de terror. Não pareceu tão mal.

Devo ter pego no sono, pois quando olhei pela janela já era dia e o carteiro tinha acabado de passar. 


Aproveitei para pegar a correspondência. Foi quando estava olhando para a casa da frente e segurando na mão os cartões postais dos correspondentes de Merlin que tive uma ideia.

Não era uma ideia tão genial, mas ao menos era uma ideia.

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