Capítulo 67 - Na residência dos Dragon

O inverno chegou com tudo por aqui. San Myshuno ficou um caos, tudo congestionado. De fato, nada se compara com minha cidade natal: Windenburg.

Não sou bom com as palavras, se fosse, conseguiria descrever a paisagem linda que o inverno desenhou na residência Dragon.

Por causa da neve, ninguém conseguiu sair de San Myshuno, e acabei perdendo as festas de inverno com a família.

Mas na primeira oportunidade que apareceu vim correndo pra cá. Até consegui trazer os presentes, isso não podia faltar.

— A Liberty passou o Natal conosco. Ela também não conseguiu viajar para encontrar a família. — disse ele.
— Mas e então vô? O que você me conta de novo? Sei que tem alguma grande história!
— Ah Soluço, meu neto... — ele tossiu um pouco. — A cada dia mais cansado, a cada dia mais velho. Mas quando penso que já vi de tudo nesta vida, sempre me surpreendo!

— Acredita que eu conheci o Papai Inverno?
— Não brinca vô!
— Ora se eu sou um velho contador de mentiras? — resmungou ele. — Pois eu não só o vi, como também conversei com ele! 
Depois de jantarmos e tomarmos um banho, o vô começou a contar sobre seu encontro com o Papai Inverno.

— Ele não era nem tão velho e nem tão inteligente quanto eu, mas com certeza era mais gordo. — brincou. — O mais incrível: ele tinha notícias de Avalon! Parece que onde ele mora dá para receber cartas de lá.  Disse que meus amigos estão com saudades e ansiosos pela minha chegada. Você acredita Soluço?

— Eu acreditaria! —disse minha mãe, entrando na sala com pipoca.

Meus pais estavam chiques pois tinham acabado de chegar de um concerto. 

— Eu também. — falou meu pai de boca cheia. — Já vi cada coisa com esse velho que hoje não duvido de nada!

Sinceramente? Eu acredito em tudo quem meu avô fala. Sabe, eu amo meus pais e me dou muito bem com eles. Mas a relação que tenho com o vô Merlin é diferente. Não sei explicar. Mas é como se o elo que temos fosse muito forte, como se fosse capaz de resistir a tudo.

Terminamos aquela noite assistindo filmes no conforto da lareira. Foi muito bom, como nos velhos temos em que morávamos todos juntos. 

Mas lá no fundo, uma inquietação não me deixava sossegado. Como uma constatação de que meu avô, por mais insuperável que fosse, não estaria comigo para sempre...