Capítulo 95 - O Final da Fase

 A vida seguia o fluxo, tranquila... Tudo indo bem com Lara, Max e Cacau.

Uma vidinha muito boa, trabalhando em casa num apartamento legal na cidade, aos poucos comprando coisas melhores para dentro de casa. 

Eu e Max, como sempre, saindo, tentando manter a chama acesa. As vezes eu notava que ela estava meio distante, mas nunca falei nada.

Mas eu entendi tudo naquela noite de primavera.

Max ficou brincando com Lara até tarde. Ela só colocou a neném para dormir depois que ela já tinha caído no sono de tanto brincar.

Depois disso, ficou um pouco com a Cacau. Ela sempre amou muito a gatinha.

Eu estava quase caindo no sono também, quando vi que Max estava acordada olhando pela janela.

Levantei e fui com ela até a varanda, para a gente poder conversar. Ela hesitou um pouco, mas acabou contando o que era.

— É que tudo está certo, entende? Eu cheguei onde queria na minha carreira, tive o casamento dos sonhos, tenho uma família linda... E isso tudo me dá medo. Medo que acabe, não quero que acabe.

— Mas não vai acabar Max. — eu tentei convencer ela que tudo ia ficar bem, mas ela continuava inquieta.

— Eu pesquisei, e descobri uma coisa: um Poço dos Desejos! — ela contou. —  Acho que eu posso ir lá e fazer um pedido. É sério, não ria de mim.

Mas é claro que eu não ia rir da Max. Eu sou neto do Merlin, e seria um bobo se não acreditasse. Lógico que eu iria com ela nessa empreitada.

Fomos até o local, os Jardins Perdidos da Cura, lá em Newcrest e deixei Lara com meus pais. 

— Obrigada por me apoiar Soluço!

— Não precisa agradecer, faço tudo pro você. — respondi.

Começou a chover, mas isso não nos atrapalhou. Caminhamos por lá e encontramos o tal poço.

Max foi na frente e eu fiquei esperando do lado de fora, para não irritar o tal poço. Pelo menos era o que a lenda dizia.

Lembro claramente do desejo que a Max fez:

— Eu quero que a minha felicidade nunca termine! 

E então uma luz saiu do poço e um brilho verde iluminou Max. Fiquei um pouco receoso, mas logo depois o brilho apagou e Max saiu do jardim.

— Acho que é isso Soluço.  — disse ela.  

— Deu certo?  — perguntei

— Sinto que sim. Na verdade, sinto até demais. Uma felicidade gigante está crescendo dentro de mim!

— Que bom Max!  — fiquei feliz junto com ela.

 — Soluço, você precisa sentir isso. Estou muito feliz, tão feliz que não consigo me conter, acho que vou começar a rir!

 — Eu estou sentindo também amor!
Ela ia ficando cada vez mais empolgada, ficando um tanto...
Histérica.

— Não, você não entende... Estou... Muito... Feliz!!!  — ela falava e ria ao mesmo tempo, sem conseguir se conter.  — ESTOU MUITO FELIZ! NÃO CONSIGO PARAR, ESTOU... MUITO...

 — Max? Está tudo bem mesmo?  — perguntei desconfiado.

 — Está... Tudo muito bem... Muito...  — ela parou, quase sem fôlego para conseguir pronunciar as palavras. Até que por fim, com muito esforço ela disse:

 — Feliz.

E então, sem forças, ela desabou no chão. Leve como uma pluma. E deu um suspiro de alívio. 

Seu último suspiro.

— Max... Maax?  — fiquei desesperado, paralisado. Estava congelando por dentro. Não. Não poderia ser. Não hoje, não agora.

Eu não poderia, não queria aceitar. Mas era tarde demais. Max tinha partido...

Tudo estava acabado para mim.

Chega dessa história! Não sou mais capaz de contá-la.

Não mais.

~ Fim de Fase ~